A coexistência entre o homem e a natureza é o único caminho possível, e um festival nos lembra disso

Ambiente

A palavra coexistênciado dicionário, indica existir em conjunto, manifestando-se simultaneamente. Mas se pensarmos na coexistência entre o ser humano e tudo o que é natureza, como poderíamos defini-la? Num momento histórico em que a relação entre a humanidade e o meio ambiente é cada vez mais crítica e difícil, é preciso lembrar o que significa coexistência e, sobretudo, que é algo possível. Com esse intuito nasceu o festival Convivência.

A relação entre o ser humano e a natureza

Definir coexistência não é fácil, principalmente quando se trata de relação entre nossa espécie e todas as outrasanimais e plantas, que se baseia numa linha de equilíbrio que muitas vezes nos permitimos ir além e mexer. Antes de iniciar a jornada para conhecer esta palavra, este conceito, devemos lembrar que é algo essencialporque nada existiria sem ele. E, mais ainda, que a nossa espécie deve ser colocada no mesmo nível das outras, caso surja a tentação de pensar um pouco acima dela.

“Antes mesmo de traçar os detalhes da convivência devemos nos perguntar se somos capazes de conceber uma realidade em que todos estejam dispostos a aceitar uma versão de si mesmos que esteja pronta para aceitar o outro”

Um tema tão complexo, delicado e amplo, mas acima de tudo necessário, vai observado de diferentes ângulos, deve ser atravessado, vivenciado e vivido, para ser plenamente compreendido. Algo que não é fácil, e é aliás a razão pela qual nasceu há três anos um festival que combina realidade, conhecimento e estímulos precisamente para nos aproximar desta dimensão de forma aberta e informada.

O Festival da Coexistência

O festival Convivência reúne durante três dias este ano de 30 de agosto a 1 de setembro nas ruas do Lundo no Trentino organizações, associações, autoridades do parque, investigadores, cientistas, artistas, jornalistas e entusiastas para falar da relação entre o homem e a natureza, “aquela dos lobos, dos ursos certamente mas também dos veados, dos javalis e de tudo o que é ‘selvagem’ que entra em contacto com o nosso universo domesticado”. Não só isso, isso será feito através neurociência, antropologia, ética e estudo da paisagem“como lentes especiais para investigar, interpretar e compreender a relação entre o homem e a natureza”.

Falaremos então sobre o que são necessidades, estratégias, limites de convivência por meio de diferentes linguagens e ferramentas, para ampliar o diálogo e participar de uma visão comum. “O festival é pensado como uma ocasião onde cadaseguindo seus próprios interesses e inclinações, podem encontrar motivos de reflexão, dados, histórias, testemunhos e informações úteis para a construção de uma ideia íntima e pessoal da relação entre o homem e o meio ambiente, atribuindo valores e significado a um conceito que representa a base das nossas vidas”, explicam os organizadores.

Conscientização e educação para a complexidade

“Temos a convicção de que o caminho da convivência entre o homem e o meio natural não pode ser trilhado sem plenitude envolvimento das comunidades locais. Por isso decidimos tornar o festival movimentado, ano após ano, atingindo assim o maior número de realidades possível”, afirma Francesco Romito, vice-presidente da Não tenho medo do lobo, associação que juntamente com a Pams Foundation deu início à visão deste festival. “Depois do planalto Lessinia, do Vale do Ledro, o Festival tem agora a alegria de aterrar no Giudicarie, um magnífico território onde a natureza se desenvolveu ao lado das comunidades humanas”.

Na verdade, são muito importantes as histórias e experiências de todos os territórios que representam exemplos positivos desta relação, sobretudo com lobos e ursos, demonstrando que a resposta não é a polarização, mas sim a colaboração consciente de todas as partes envolvidas, abraçando o complexidades deste tema. Histórias que comprovam que a coexistência não é uma possibilidade, mas é o único caminho possível.

“A coexistência tem raízes que estão enraizadas na necessidade, e não na possibilidade. E sem isso, provavelmente, também não seríamos possíveis.”