- Cairam 511 milímetros de chuva na região de Catânia, em particular em Giarre, em poucas horas: nenhuma vítima, mas muitos danos nas infra-estruturas.
- Centenas de equipes de resgate em ação, um trecho de rodovia e muitas escolas fechadas.
- O alarme dos municípios sicilianos e das autoridades da bacia: “O sistema hidráulico já não aguenta estes fenómenos climáticos”.
Meses e meses de seca. Então, de repente, a inundação. Desta vez aconteceu na Sicília, na zona de Catânia, onde ontem uma violenta tempestade transformou as ruas em verdadeiros rios de água e lama: as chuvas atingiram níveis recordes, com 511 mm de chuva registrados em Giarre em apenas 12 horas. Mas a situação tem sido e continua a ser particularmente crítica nos municípios de Torre Archirafi, Riposto, Acireale e Aci Sant’Antonio. Bombeiros, mas também homens da Proteção Civil e simples voluntários, participaram em centenas de intervenções, sobretudo para resgatar motoristas presos nos carros e pessoas presas em casas inundadas. Em particular, em Riposto, uma torrente transbordou, invadindo o rés-do-chão de uma casa e arrastando alguns carros para o mar. Felizmente não houve vítimas, mas duas pessoas com deficiência passaram por momentos difíceis e foram salvas numa operação de emergência.
Carros no mar, deslizamentos de terra e estradas inundadas: os danos na região de Catânia
As cheias causaram graves transtornos à população, com estradas inundadas e infra-estruturas danificadas. Em particular, a autoestrada Messina-Catania foi interrompida entre Giarre e Fiumefreddo, e muitas escolas foram fechadas por razões de segurança. A estrada provincial para Riposto também foi bloqueada devido a um deslizamento de terra. O chefe do departamento de Protecção Civil da Sicília, Salvo Cocina, visitou as zonas mais afectadas para coordenar futuras intervenções, enquanto o Região da Sicília solicitou o estado de emergência para garantir a máxima urgência no fornecimento de meios e recursos.
No entanto, mais uma inundação que atingiu um território italiano (e o pensamento ainda vívido do que aconteceu em Valência) sublinha mais uma vez a necessidade de ir além da gestão de emergências. O’Antiga Sicíliaque reúne todos os municípios da ilha, sublinha hoje que o atual sistema hidráulico “já não tem capacidade para resistir às condições climáticas adversas” e pediu intervenções urgentes para resolver os problemas ligados ao risco hidrogeológico. Há apenas alguns dias, o governo recordou como, com a Plano de mitigação de riscos hidrogeológicos foram alocados 1.084 milhões de euros a atribuir às Regiões e Províncias autónomas.
Entre mitigação e adaptação
Além da mitigação, porém, a adaptação é necessária: a Associação Nacional dos Consórcios de Gestão e Proteção de Terras e Águas de Irrigação (Anbi) convidou a União Europeia a fazer um grande esforço comum para combater as consequências de eventos meteorológicos extremos.“ Isto Nessa altura não houve um efeito surpresa dramático, limitando as consequências aos danos materiais, mas o fenómeno Dana repetiu-se tanto em Espanha como em Itália, graças a uma bacia mediterrânica comtemperaturas mais de 3 graus acima da média e um mar, que oscila entre 22° e 24° ao sul da Sicília – sublinha a Anbi – Esta condição favorece a ocorrência daqueles eventos extremos, provocados pelo encontro/choque entre correntes quentes e frias, já causadoras de emergências, que têm atingiu repetidamente a península e devastou a província valenciana neste turbulento outono de 2024.”
Basta dizer que os 511 milímetros de chuva que caíram correspondem a aproximadamente 80 por cento da acumulação anual de chuvas na província de Catânia. A ajuda, segundo a Anbi, pode vir da tecnologia. “A disponibilidade de big data e inteligência artificial são cruciais para a ciência preditiva, fundamental para a adaptação aos novos cenários climáticos”, indica o presidente, Francesco Vicente: “Por esta razão apelamos à União Europeia para um grande esforço comum, que visa contrariar as consequências dos extremos dos fenómenos meteorológicos, que está a unir o continente”.