O que é o referendo sobre cidadania e como assiná-lo

Sociedade

  • Corrida final para recolher assinaturas para o referendo de cidadania: mais de 335 mil em tempo recorde, mas precisamos chegar a 500 mil até 30 de setembro.
  • A questão do referendo visa reduzir o tempo necessário para a obtenção da cidadania de 10 para 5 anos de residência legal e ininterrupta.
  • A proposta do referendo foi apresentada pela sociedade civil poucos dias antes de a ideia do ius scholae estagnar no Parlamento.

Em menos de 20 dias, foram coletadas mais de 335 mil assinaturas. Agora, porém, é preciso a pressa final: chegar aos 500 mil, como exige a lei, até 30 de Setembro, para que o referendo sobre a cidadaniapromovido apenas no passado dia 6 de setembro, torna-se realidade.

O que se pergunta com o referendo sobre cidadania

O referendo sobre a cidadania é uma iniciativa promovida por vários partidos e associações, incluindo Arci, ActionAid, Oxfam, Libera e muitos outros, praticamente em simultâneo com a discussão no Parlamento sobre o ius scholae, que previsivelmente terminou em nada. Assim, a sociedade civil, muitas vezes à frente da política, tomou a situação com as próprias mãos e lançou uma petição popular com o objetivo de modificar a legislação vigente relativa à aquisição da cidadania italiana. Atualmente, a lei 91 de 1992 prevê que um cidadão estrangeiro pode obter a cidadania após dez anos de residência legal e ininterrupta na Itália. O referendo propõe reduzir esse período para cinco anoscomo aconteceu antes de 1992, facilitando o reconhecimento da cidadania pelos residentes estrangeiros. Porém, a concessão da cidadania não seria automática, como não é agora: além da residência ininterrupta na Itália, permaneceriam inalterados os demais requisitos já estabelecidos pela legislação e jurisprudência vigentes, tais como: conhecimento da língua italiana, a posse, nos últimos anos, de uma quantidade substancial rendaausência de antecedentes criminais, cumprimento de obrigações fiscais, ausência de causas impeditivas ligadas à segurança da República.

O que muda entre ter cidadania e não ter

Esta simples mudança, sublinham os promotores, “representaria uma conquista decisiva para a vida de muitos cidadãos de origem estrangeira (segundo estimativas seriam cerca de 2,5 milhões de pessoas) que, neste país, não só nascem e crescem, mas durante anos viveram lá, trabalharam lá e contribuíram para o seu crescimento. “Participar facilmente de cursos no exterior, representar a Itália em competições esportivas sem restrições, poder votar, poder participar de competições públicas como todos os demais cidadãos italianos. Direitos negados hoje.”

Qual é a diferença entre esta proposta e ius soli e ius scholae

A proposta de referendo sobre a cidadania difere dos outros dois principais métodos de aquisição do passaporte italiano, conhecidos como ius soli e ius scholaeque tem sido muito debatido nas últimas semanas sem se chegar a qualquer solução. O jus soli dispõe que a cidadania é concedida automaticamente aos nascidos no território de um país, independentemente da cidadania dos pais. Na Itália, este princípio não é actualmente aplicado. O ius scholae, porém, prevê que os menores estrangeiros que tenham concluído um ciclo escolar na Itália, geralmente com duração de 10 anos, possam obter a cidadania. Este método ainda não foi adotado na Itália. O referendo, portanto, não introduz um novo princípio de aquisição de cidadania, mas basta alterar os requisitos de tempo para naturalização, mantendo a necessidade de residência legal e ininterrupta.

Como assinar

Existem duas formas de se inscrever no referendo sobre a cidadania: a primeira é ir a um dos clássicos banquetes dos promotores nas praças italianas. Para mais informações sobre onde encontrar as barracas, você pode consultar o site oficial da campanha do referendo. O outro método é – ótima notícia – a plataforma online que pode ser acessada através da página específica do Ministério da Justiça: neste caso para acessar e assinar é necessário fazer login com Spid, bilhete de identidade eletrónico ou cartão de serviços nacionais. Mas não é tudo: através do site referendumcittadinanza.it também é possível se tornar um ativista e receber todo o material para divulgar aos seus contatos, para participar ativamente na coleta de assinaturas. Como Ghali, talvez menor.

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Como funciona no resto da Europa

Na Europa, os requisitos para a obtenção da cidadania variam consideravelmente de país para país, mas o período de residência legal de 10 anos actualmente previsto pela lei italiana está entre os mais restritivos entre os países da UE. Lá Alemanha no início de 2024 aprovou uma lei que coincide com os pedidos deste referendo e que estabelecia um período de residência de 5 anos para obtenção da cidadania; além disso, introduziu uma forma de ius soli em 2000, permitindo que crianças nascidas na Alemanha de pais estrangeiros obtivessem a cidadania se um dos pais vivesse legalmente no país há pelo menos oito anos. França adota uma forma de ius soli parcial, onde crianças nascidas na França de pais estrangeiros podem obter a cidadania se residirem no país por um determinado período. Também Espanha exige dez anos de residência legal para a naturalização, mas reduz este período para dois anos para cidadãos de países latino-americanos e de Andorra, histórica e culturalmente ligados a Espanha, mas também das Filipinas, da Guiné Equatorial, de Portugal e de pessoas de origem sefardita. Estas diferenças reflectem as diferentes histórias e políticas de migração dos países europeus, mas também mostram uma tendência geral para a redução dos requisitos de tempo para adquirir a cidadania.